A Batata

A pátria da batata encontra-se no oeste da América do Sul. Ela já era cultivada no Altiplano andino há dois mil anos. Chegou à Europa Central via Itália, e em 1700 foi compulsoriamente introduzida pelo governo em Württemberg, apesar da resistência dos camponeses. Na Prússia, Frederico, o Grande impôs seu cultivo em grande escala. Isso causou alterações na sequência de plantios, tornando necessário o emprego maisintenso de adubos para manter a fertilidade do solo. Contudo,reconheceram-se logo as vantagens do cultivo da batata. Com exceção de algumas perdas de colheita devido a fungos, a batata revelou-se muito mais resistente do que os cereais.
Sob o aspecto qualitativo, é importante ressaltar que a batata pertence à família das solanáceas. A maior parte dessas plantas é tóxica. Também a batata contém uma pequena quantidade do tóxico solanina, cuja concentração aumenta quando o tubérculo é atacado por bactérias, pela ação da iluminação ou quando começa a brotar, podendo causar intoxicações.
Ao compararmos a batata com os cereais, verificamos tendências nitidamente opostas. Enquanto os grãos dos cereais estão completamente entregues às influências da luz e do ar, as batatas crescem como tubérculos sob a superfície da terra. De acordo com o que foi mencionado sobre a questão qualitativa na alimentação, há diferenças entre órgão vegetal que cresce sob a terra e o que é exposto à luz e ao ar. Na batata isso é particularmente interessante: quando a semente de batata brota, o broto principal dirige-se para o alto, mas os brotos axilares dos cotilédones orientam-se para baixo e tendem a penetrar no solo. Como já vimos, as raízes e outros órgãos que armazenam substâncias nutritivas e crescem abaixo da superfície terrestre têm sua correspondência com o sistema neuro-sensorial, enquanto os frutos e as sementes ativam mais o sistema metabólico. Porém a planta da batata alcança o solo por uma inversão parcial do "princípio de brotamento", ao contrário das plantas da família dos nabos, cenouras e tubérculos. Devido à sua tendência a formar toxinas, ela se salienta nitidamente como uma exceção entre as plantas que armazenam substâncias no solo. Por isso a batata atua de modo unilateral nos órgãos do sistema nervoso. A esse respeito Rudolf Steiner diz que, devido ao consumo excessivo de batatas, o pensamento meditativo e interiorizado se enfraquece, favorecendo um pensar mais racional e reflexivo. Com isso se estimula uma mentalidade reduzida ao materialismo.Desse ponto de vista, não é de admirar que nosso modo de pensar materialista, totalmente apoiado numa percepção sensorial superficial, coincida com a difusão da batata como um dos alimentos mais importantes. (Naturalmente isso não significa que esta seja a única causa da expansão do materialismo! Queremos apenas indicar uma possível relação com tal fato.)
Que consequências se podem deduzir dessas indicações? Pode-se tentar reduzir pouco a pouco o consumo excessivo de batatas, substituindo-as por cerais, raízes e legumes. As batatas em si podem ser preparadas das maneiras mais diversas, em saborosas saladas, bolinhos ou batatas fritas feitas em casa. Obviamente, ao comprar batatas fritas feitas em boa qualidade e estejam livres de adubos minerais, para que suas vantagens (elevado teor de proteínas e vitaminas) possam manifestar-se e não surjam desvantagens adicionais.
Um a dois meses depois de modificar os hábitos alimentares, pode-se constatar um aumento de vigor e de mobilidade no pensar e uma maior capacidade de atenção.
Desaconselhamos o consumo regular de batatas durante a gravidez e no primeiro ano de vida da criança - quando o cérebro ainda tem à sua frente as etapas decisivas de sua maturação-, bem como nas doenças nervosas ou cancerosas.*

* Em relação a isso, é interessante ressaltar que na Inglaterra suspeita-se de uma relação entre o consumo de batatas e a ocorrência de malformações como fissuras da medula espinhal e anencefalia (ausência de cérebro), o que foi confirmado em experiências com animais. Vide J.H. Renwick et al.,"Neural-tube defects produced in syrian hamsters by potato glycalcaloids".

Do livro "Consultório Pediátrico" de Wolfgang Goebel e Michaela Glöckler, da Editora Antroposófica

Um comentário:

Isabel D. disse...

Não entendi bem o texto. Defende o consumo de batatas ou não? Espero que sim =D

Responda por favor, quero divulgá-lo =D