Sinais dos tempos - H.P. Blavatsky

[Lúcifer, Vol. I, no 2, outubro, 1887, pp. 83-89]

É extremamente interessante acompanhar, ano após ano, a rápida evolução e mudança do pensamento do público na direção do misticismo. A mente educada inegavelmente tenta libertar-se dos pesados grilhões do materialismo. A feia lagarta debate-se na agonia da morte, sob o poderoso esforço da borboleta psíquica que tenta fugir da prisão construída pela ciência, e cada dia traz à luz alguma boa nova de um ou mais destes nascimentos mentais. Como o Path de Nova York corretamente observa em seu exemplar de setembro [p. 186], quando "temas teosóficos e do gênero" foram "utilizados em enredos de romances" e, poderíamos acrescentar, ensaios científicos e brochuras, "a implicação é que o interesse por eles difundiu-se por todas as camadas sociais". Este tipo de literatura é "paradoxalmente prova de que o Ocultismo ultrapassou a região da diversão despreocupada e entrou na região da séria investigação".

Basta ao leitor examinar em retrospectiva as publicações dos últimos anos para descobrir que tópicos como Misticismo, Magia, Feitiçaria, Espiritismo, Teosofia, Mesmerismo ou, como agora é chamado, Hipnotismo, todos os vários ramos, enfim, do lado Oculto da natureza, estão se tornando predominantes em todo o tipo de literatura. Aumentam a olhos vistos em proporção com os esforços encetados para desacreditar os movimentos pela causa da verdade e reprimir a investigação — seja no campo da teosofia ou do espiritualismo — tentando enlamear seus mais proeminentes arautos, pioneiros e defensores, com alcatrão e penas. A tônica da literatura mística e teosófica foi dada por Mr. Isaacs, de F. Marion Crawford. Depois veio à luz seu Zoroastro. A este seguiram-se o The Romance of Two Worlds (Romance dos Dois Mundos), de Marie Corelli; The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde (O Médico e o Monstro), de R. Louis Stevenson; A Fallen Idol (Um Ídolo Caído), de F. Anstey; King Solomon's Mines (As Minas do Rei Salomão) e o sumamente famoso She (Ela) de Henry Rider Haggard; Affinities (Afinidades) e The Brother of the Shadow (O Irmão da Sombra), da Sra. Campbell-Praed; House of Tears (Casa de Lágrimas), de Edmund Downey e muitos outros menos notáveis. E recentemente veio à luz A Daughter of the Tropics (Uma Filha dos Trópicos), de Florence Marryat e The Strange Adventures of Lucy Smith (As Estranhas Aventuras de Lucy Smith), de F. C. Philip. Não é necessário descrever em detalhes a literatura produzida por teosofistas e ocultistas renomados, algumas de cujas obras são extraordinárias, outras positivamente científicas, como The Kabbalah Unveiled (A Cabala Revelada), de S. L. MacGregor Mather e Paracelsus (Paracelso), do Dr. F. Hartmann; Magic, White and Black (Magia Branca e Negra) etc.

É fato digno de nota também que a teosofia agora cruzou o Canal da Mancha e está abrindo caminho na literatura francesa. La France publicou um estranho romance de Ch. Chincholle, repleto de teosofia, ocultismo e mesmerismo e o chamou de La Grande Prêtresse (A Grande Sacerdotisa), ao passo que La Revue politique et littéraire (19 de fevereiro de 1887, et seq.) contém um romance intitulado Émancipée (Emancipação), de autoria de Th. Bentzon, onde doutrinas esotéricas e adeptos são mencionados associados ao nome de teosofistas bem conhecidos. Um sinal dos tempos! A literatura — sobretudo em países sem censura governamental — é o coração e o pulso do público. Além do evidente fato de que se não houvesse demanda não haveria oferta, a literatura atual é produzida apenas para agradar e é, portanto, evidentemente, o espelho que reflete fielmente o estado mental do público. De fato, editores conservadores e seus correspondentes e repórteres submissos seguem criticando com sarcasmo, de vez em quando em forma impressa, a justa face do espiritualismo místico e da teosofia e, alguns deles, também, de tempos em tempos, se comprazem em brutais ataques pessoais.
Mas em geral não causam mal, exceto talvez à reputação de seus próprios editoriais, uma vez que não se pode dizer que tais editores primem pela cultura exuberante e o bom gosto com relação a certos ataques pessoais descorteses. Ao contrário, eles fazem o bem. Pois se por um lado os teosofistas e espiritualistas assim atacados podem considerar a linguagem insultuosa lançada sobre eles com um espírito verdadeiramente socrático e consolar-se por saber que nenhum dos epítetos usados pode de fato aplicar-se a eles, por outro lado, muito insulto e difamação em geral acaba por despertar a simpatia do público pela vítima, pelo menos nas pessoas sensatas e imparciais.

Na Inglaterra, as pessoas em geral tendem a gostar do jogo limpo. Não são ações próprias de um bashiboo-zook (mercenário turco), as ações valentes daqueles que se comprazem em chutar o morto ou ferido, que cativam a simpatia do público por muito tempo. Se, como afirmam nossos inimigos leigos e repetem alguns órgãos missionários ingênuos e demasiadamente sangüíneos, o espiritualismo e a teosofia estão "completamente mortos" (sic, vide jornais cristãos americanos), sim, "mortos e enterrados", por que, nesse caso, os bons padres cristãos não deixam o morto descansar até o "Dia do Juízo Final"? E se não estão, por que os editores — os profanos e os partidários do clericalismo — ainda deveriam temer? Não se mostrem tão covardes se têm a verdade do seu lado. Magna est veritas et prevalebit (Magna é a verdade e prevalecerá) — "o crime será descoberto", cedo ou tarde. Abram suas colunas para a discussão livre e destemida e façam como os periódicos teosóficos sempre fizeram, e como Lúcifer agora se prepara para fazer.

O "brilhante Filho da manhã" não teme a luz. Ele a procura e está preparado para publicar qualquer contribuição inimiga (expressa, é claro, em linguagem decente), embora muito difira de suas visões teosóficas. Está determinado a ouvir de forma imparcial a toda e qualquer causa, às partes rivais, e permite que fatos e pensamentos sejam julgados por seus respectivos méritos. Pois por que ou o que deveríamos temer quando os fatos e a verdade são nosso único objetivo? Du choc des opinions jaillit la vérité (do choque de opiniões brota a verdade) foi dito por um filósofo francês. Se a Teosofia e o Espiritismo nada mais são que "gigantescas fraudes e vã esperança da época" por que estas dispendiosas cruzadas contra ambos? E se não forem, por que os agnósticos e buscadores da verdade em geral deveriam ajudar os intolerantes, sectários e dogmáticos materialistas a ocultar nossa candeia debaixo do alqueire1 pela mera força física e autoridade usurpada? É fácil atacar a boa-fé do justo. Ainda mais fácil desacreditar aquilo que por sua própria estranheza intrínseca já é impopular e dificilmente receberia crédito em seus dias mais prósperos.

"Não acolhemos qualquer suposição tão avidamente quanto aquela que vem ao encontro daquilo com que estamos de acordo e reforça nossos próprios preconceitos", disse um popular autor2 em Don Gesualdo. Portanto, fatos tornam-se muitas vezes "fraudes" ardilosamente inventadas; e mentiras evidentes, óbvias, são aceitas como verdades indiscutíveis à primeira brisa da Calúnia de Don Basílio por aqueles para cujos empedernidos preconceitos tais calúnias são como orvalho do céu. Mas, amados inimigos, "a luz de Lúcifer" pode, afinal, dissipar um pouco da escuridão circundante. A poderosa e retumbante voz da denúncia, tão bem-vinda àqueles cujos pequenos despeitos, ódios e estagnação mental servem as baixas paixões nas garras da respeitabilidade social, pode ainda ser silenciada pela voz da verdade — "a voz mansa e delicada" — cujo destino sempre foi pregar primeiro no deserto. Esta luz fria e artificial que ainda parece brilhar de forma tão fascinante sobre as alegadas iniquidades de médiuns profissionais e os supostos pecados de comissão e omissão de experimentalistas não-profissionais, de teosofistas livres e independentes, ainda pode ser extinta no auge de sua glória. Pois ela não é realmente a lamparina perpétua do filósofo alquimista. Menos ainda é aquela "luz que nunca brilhou em terra ou mar", aquele raio da intuição divina, a centelha que bruxuleia latente na percepção espiritual que jamais erra do homem e da mulher, e que agora está despertando — pois seu tempo está prestes a chegar.

Em breve a lâmpada de Aladim, da qual evocava-se o gênio diretor, que, fazendo três mesuras ao público, começava logo a devorar médiuns e teosofistas, como um prestidigitador que engole espadas em uma feira de aldeia, estará enguiçada. Sua luz, sobre a qual os anti-teosofistas estão cantando vitória até hoje, empalidecerá. E então, talvez, se descobrirá que o que era considerado um raio direto da fonte da verdade eterna nada mais era que uma vela ordinária, em cuja fumaça e fuligem enganadoras o povo era hipnotizado e via tudo às avessas. Será descoberto que os monstros hediondos da fraude e da impostura não têm existência fora do cérebro tenebroso e perturbado de Aladins em sua jornada de descoberta. E, finalmente, que o bom povo que os ouviu, estava o tempo todo vendo sinais e ouvindo coisas sob mútua e inconsciente sugestão. Esta é uma explicação científica que não requer a ação de magos negros ou dugpas; pois a "sugestão" como agora é praticada pelos feiticeiros da ciência nada mais é que "dugpachismo" — pur sang. Nenhum "adepto da mão esquerda" oriental pode fazer mais mal com sua arte infernal do que um sério hipnotizador da Faculdade de Medicina, um discípulo de Charcot ou qualquer outro luminar científico de primeira magnitude. Em Paris, assim como em São Petersburgo, crimes têm sido cometidos sob "sugestão", divórcios têm ocorrido e maridos por pouco não assassinaram suas esposas e seus supostos amantes, devido a truques praticados contra mulheres inocentes e respeitáveis, que tiveram assim seu honesto nome e toda a sua vida futura arruinados para sempre. Um filho, sob tal influência, arrombou a escrivaninha do pai avarento, que o pegou em flagrante, e quase deu-lhe um tiro num acesso de raiva.

Uma das chaves do Ocultismo está nas mãos da ciência — fria, insensível, materialista e ignorante crassa do outro lado verdadeiramente psíquico dos fenômenos: daí, impotente para traçar uma linha de demarcação entre efeitos fisiológicos e puramente espirituais da doença inoculada, e incapaz de prevenir resultados e conseqüências futuras dos quais não tem conhecimento e sobre os quais não detém, portanto, controle. Encontramos no Le Lotus, de setembro de 1887, o seguinte: Um jornal francês, o Paris, de 12 de agosto, contém um longo e excelente artigo de G. Montorgueil, intitulado: "The Accursed Sciences" (As Ciências Malditas), de onde extraímos a seguinte passagem, uma vez que, infelizmente, não podemos reproduzi-lo na íntegra: Há já alguns meses, esqueci-me em que caso, veio à baila a questão da "sugestão", a qual foi analisada pelos juizes. Certamente veremos pessoas no banco dos réus acusadas de práticas ocultas impróprias. Mas como será levada a cabo a acusação? Quais argumentos serão utilizados como testemunho? O crime por "sugestão" é o crime perfeito sem provas. Neste caso, as mais graves acusações nunca passarão de pressuposições e pressuposições fugidias. Em que frágil andaime de suspeitas repousará a acusação? Interrogatório algum, a não ser o moral, será possível. Teremos de nos resignar a ouvir o promotor dizer ao acusado: "Acusado, parece que de perquirição realizada em seu cérebro etc.". Ah, os pobres jurados! É deles que temos de ter pena. Ao levarem a sério sua tarefa, eles têm já enorme dificuldade em separar o verdadeiro do falso, mesmo em casos pouco complexos, em que os fatos são óbvios, todos os detalhes tangíveis e as responsabilidades claras. E vamos pedir-lhes que em sã consciência decidam questões de magia negra! Realmente sua razão não se sustentará uma quinzena sequer; eles desistirão antes disso e o caso será encerrado como taumaturgia. Avançamos rapidamente. Estranhos julgamentos por bruxaria vicejarão novamente; sonâmbulos que eram apenas grotescos aparecerão em trágica luz; leitores de borra de café, que até agora só arriscavam a corte policial, ouvirão sua sentença na seção do tribunal. O mau-olhado figurará entre as ofensas criminais.

Os últimos anos do século XIX teriam nos assistido avançar de progresso em progresso, não tivéssemos chegado finalmente a esta enormidade judicial: um segundo Laubardemont processando outro Urbano Grandier.3 Documentos científicos e políticos sérios estão repletos de discussões profundas sobre o tema. Um jornal de São Petersburgo, o Daily contém um longo folhetim sobre a "Aplicabilidade da Sugestão Hipnótica na Lei Criminal". "Os casos de hipnotismo com objetivos criminosos aumentam ultimamente em progressão crescente", informa a matéria aos leitores. E não é o único jornal, nem a Rússia o único país onde a mesma história é contada. Investigações e pesquisas cuidadosas foram empreendidas por eminentes advogados e autoridades médicas. Dados coletados com regularidade revelam que o curioso fenômeno — de que os céticos até agora zombaram e os jovens incluíram entre suas petits jeux innocents (pequenas brincadeiras inocentes) vespertinas — é um novo e terrível perigo para o estado e a sociedade. Dois fatos tornaram-se agora patentes para a lei e a ciência: (I). Que na percepção do sujeito hipnotizado, as representações visionárias evocadas por "sugestão", tornam-se realidade de fato e o sujeito passa a ser, naquele momento, o executante automático da vontade do hipnotizador; e (II). Que a grande maioria das pessoas testadas é passível à sugestão hipnótica. Assim, Liébeault descobriu apenas sessenta sujeitos intratáveis em setecentos testados; e Bernheim falhou em apenas vinte e seis entre 1.014 sujeitos.

O campo para o jadoo-wala (mercador de feitiçaria) nato é realmente vasto! O mal tomou conta de um parque de diversões onde pode exercer seu domínio sobre muitas gerações de vítimas inconscientes. Pois crimes inimagináveis no estado de vigília e delitos graves da pior espécie são agora convidados e incentivados pela nova "ciência abominável". Os verdadeiros perpetradores destes atos das trevas podem permanecer agora escondidos para sempre da vingança da justiça humana. A mão que executa a sugestão criminosa é simplesmente a de um autômato irresponsável, cuja memória não preserva qualquer traço dela e que, além disso, é uma testemunha que pode facilmente ser descartada por suicídio compulsório — novamente sob "sugestão". Que melhor meio do que este poderia ser oferecido aos espíritos malignos da luxúria e da vingança, os Poderes das trevas, chamados paixões humanas, sempre na espreita para burlar os mandamentos universais: "Não roubarás, não matarás, não cobiçarás a mulher do próximo"?

Liébeault sugeriu a uma jovem que se envenenasse com ácido cianídrico e ela tomou a suposta droga sem qualquer hesitação; o Dr. J. Liégeois sugeriu a uma jovem senhora que esta lhe devia 5.000 francos e ela imediatamente assinou um cheque no valor. Bernheim sugeriu a outra jovem histérica uma longa e complicada visão com relação a um caso criminal. Dois dias depois, embora o hipnotizador não tivesse exercido qualquer pressão sobre ela naquele ínterim, ela repetiu claramente toda a história sugerida a um advogado enviado até ela com este fim. Se sua prova fosse aceita seriamente, teria enviado o acusado à guilhotina. Estes casos apresentam dois aspectos sombrios e terríveis. Do ponto de vista moral, tais processos e sugestões deixam uma mancha indelével sobre a pureza da natureza do sujeito. Mesmo a mente inocente de uma criança de dez anos pode ser assim inoculada com o vício, o germe venenoso que se desenvolverá em sua vida subseqüente. Sob o aspecto judicial, não é necessário entrar em grandes detalhes. Basta dizer que é este traço característico do estado hipnótico — a absoluta rendição da vontade e da autoconsciência ao hipnotizador — que possui tal importância aos olhos das autoridades legais, por levar ao crime. Pois se o hipnotizador tiver o sujeito inteiramente à sua disposição, podendo fazer-lhe cometer qualquer crime, agir invisível, por assim dizer, dentro dele, quais não seriam os terríveis "erros judiciais" que se poderiam esperar? Não é de admirar-se pois que a jurisprudência de um país após outro tenha entrado em alerta e esteja planejando medidas para reprimir o exercício do hipnotismo! Na Dinamarca acaba de ser proibido. Cientistas realizaram experiências em sensitivos com tamanho sucesso que uma vítima hipnotizada foi zombada e vaiada pelas ruas a caminho de cometer o crime, que cometeria de forma completamente inconsciente não tivesse a vítima sido advertida com antecedência pelo hipnotizador. Em Bruxelas, um caso recente e triste é bem conhecido de todos.

Uma jovem de boa família foi seduzida em estado hipnótico por um homem que primeiro a sujeitou à sua influência em uma reunião social. Ela só compreendeu sua condição meses depois, quando seus parentes, que adivinharam o criminoso, forçaram o sedutor a fazer a única reparação possível — casar-se com a vítima. A Academia Francesa recentemente debateu a questão: até que ponto um sujeito hipnotizado, de mera vítima poderia tornar-se um instrumento regular para o crime. Naturalmente, nenhum jurista ou legislador pode permanecer indiferente a esta questão; e está provado que os crimes cometidos sob sugestão são tão inéditos que alguns deles dificilmente podem ser trazidos para o âmbito da lei. Daí a prudente proibição legal, recém-adotada na França, que decreta que ninguém, salvo os legalmente qualificados a exercer a profissão médica, pode hipnotizar qualquer pessoa. Mesmo o médico que goza de tais prerrogativas legais tem permissão para hipnotizar uma pessoa apenas na presença de outro médico qualificado, e com a permissão por escrito do sujeito. Séances públicas de hipnotismo são proibidas, sendo estritamente confinadas a clínicas e consultórios médicos. Os que burlam esta lei estão sujeitos a pesadas multas e prisão. Mas a nota que dá o tom foi tocada, e esta arte negra pode ser usada de várias maneiras, apesar da lei. Que ela será assim usada, são suficiente garantia as vis paixões inerentes à natureza humana. Muitos e estranhos serão os romances ainda por vir; pois a realidade é, muitas vezes, mais estranha que a ficção, e o que é considerado ficção é com muito maior freqüência realidade. Não é de admirar-se pois que a literatura oculta esteja aumentando a cada dia. O ocultismo e a feitiçaria estão no ar, sem o verdadeiro conhecimento filosófico a guiar os experimentadores, refreando assim os resultados nocivos. "Obras de ficção" são chamados os vários romances e novelas. "Ficção" no arranjo de seus personagens e nas aventuras de seus heróis e heroínas — admite-se. Nada disso, no que diz respeito aos fatos apresentados. Estes não são ficção, mas verdadeiros pressentimentos do que jaz no seio do futuro, e muito disso já veio à luz — e ainda por cima corroborado por experimentos científicos. Sinais dos tempos! Encerramento de um ciclo psíquico! A época dos fenômenos com médiuns ou através deles, profissionais ou não, já passou! Foi a seção preliminar do florescimento da era mencionada até na Bíblia4; a árvore do Ocultismo está agora se preparando para "frutificar", e o Espírito do Oculto está despertando no sangue das novas gerações. Se homens antigos apenas "tiveram sonhos", os jovens têm visões5 e as registram em romances e obras de ficção. Ai do ignorante e despreparo e daqueles que dão ouvidos às sereias da ciência materialista! Pois realmente, realmente, muitos serão os crimes cometidos inconscientemente e muitas serão as vítimas que sofrerão inocentemente a morte por enforcamento e decapitação nas mãos de juizes justos e jurados por demais inocentes, ambos da mesma forma ignorantes do poder demoníaco da "SUGESTÃO".

Notas:

1 Referência a Mateus, 5, 15 — N. do T.

2 Referência a um romance de Ouida [Louise de la Ramée], datado de 1886 — Compilador.

3 [Referência ao padre Católico Romano Urbano Grandier (1590-1634), acusado de praticar feitiçaria em Loudun (Vienne, França), em 1632. Suas supostas vítimas foram as freiras ursulinas de um convento local que eram "atormentadas por demônios" — uma explicação prevalecente na época para vários tipos de distúrbios psico-mentais e tendências mediúnicas, que em vários períodos da história surgiram como epidemia em muitas partes do mundo. Como Grandier conquistou muitos inimigos devido ao seu brilho incomum como escritor e pregador e por causa do seu jeito algo despreocupado de viver, tornou-se tarefa fácil acusá-lo de enfeitiçar jovens mulheres.
O primeiro julgamento levado a cabo por ordem do bispo de Poictiers deu em nada, em razão das muitas contradições nas provas apresentadas. Através dos esforços do Cardeal de Richelieu, entretanto, que parecia guardar um antigo ressentimento contra Grandier, outro julgamento foi ordenado, na promotoria de Laubardemont. Grandier inabalavelmente recusou-se a confessar os crimes de que era acusado. Foi considerado culpado e queimado vivo em 18 de agosto de 1634. Este vergonhoso procedimento não pôs fim à epidemia das assim chamadas "possessões demoníacas", uma vez que grande quantidade de outros homens e mulheres foram igualmente afetados em várias partes do país. Foram precisos muitos anos para isto acabar. — Compilador].

4 "E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões". (Joel, 2, 28).

5 É curioso observar que o Sr. R. Louis Stevenson, um dos mais poderosos de nossos imaginativos autores, afirmou recentemente a um repórter ter o hábito de construir as tramas de seus contos em sonhos, entre eles a do Médico e o Monstro. "Eu sonhei", continuou ele, "a história de 'Olalla'... e tenho no momento duas histórias ainda não escritas que também sonhei... Mesmo quando em sono profundo sei que sou eu quem está inventando". ... Mas quem sabe se a idéia da "invenção" também não é um "sonho"!

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