Saber que a nossa realidade não representa toda a verdade da existência nos liberta do sofrimento. Deixamos de estar controlados por nossos medos ou apegos. No entanto, a mente facilmente cai de volta em suas velhas suposições, com o próximo movimento deste sonho do dia. [...]
Precisamos de um método para nos lembrar que estamos apenas sonhando, para verdadeiramente atravessar nossa confusão -- não apenas vislumbrarmos a verdade em um momento, para esquecê-la no nomento seguinte. [...]
No método de meditação chamado "ioga do sonho", a primeira tarefa é nos darmos conta, durante o sonho, de que estamos sonhando. A próxima tarefa é conservarmos essa compreensão, sendo que a partir desse ponto adquirimos uma capacidade criativa no sonho.
Por exemplo, você está sonhando com um único balão de ar. Se você fosse capaz de manter plenamente sua compreensão da natureza do sonho, poderia fazer com que muitos outros balões aparecessem. Ou uma única pessoa poderia se transformar em muitas; este mundo poderia se transformar em um mundo diferente.
Em suma, ganhamos a capacidade de aumentar, multiplicar ou viajar nos sonhos, porque a falsidade do sonho deixa de nos comandar. Com o reconhecimento da sua natureza, nós comandamos o sonho.
É exatamente a mesma coisa com a nossa realidade do estado de vigília, do momento que nascemos até morrermos.
Muitas pessoas alcançaram a compreensão da natureza verdadeira da experiência desta vida. Na tradição budista, elas são chamadas mahasidas. Em outras tradições, também, pessoas atingiram um grau de sabedoria tão grande que as regras comuns da realidade deixaram de tolhê-las. Por exemplo, Jesus caminhou sobre a água.
Seres dotados de grande realização podem deixar as marcas dos pés sobre a rocha sólida ou voar pelo céu. O que é quente para nós não é quente para eles, o que é frio, não é frio, nem o que é sólido é sólido. Eles comandam a realidade; ela não os comanda.
Chagdud Tulku Rinpoche
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